29 de março de 2014

Black Mesa



Em 1998, a Valve lançava seu famoso Half-Life, um FPS que revolucionou o gênero e a história dos videogames para sempre. Até então os jogos de tiro em primeira pessoa eram pouco criativos e com histórias genéricas, visando sempre a ação e tiroteio desenfreado. Quando Dr. Gordon Freeman apareceu, tudo mudou. Na trama, Freeman é um físico teórico graduado no MIT que trabalha no Laboratório de Pesquisa Black Mesa, localizada no Novo México e fundada pelo governo para desenvolver experimentos secretos. Em um dia considerado muito importante no Complexo Lambda, Freeman segue para o Laboratório de Materiais Anômalos para ajudar com os experimentos rotineiros. Ele tem a tarefa de empurrar uma amostra para o raio de varredura do Espectrômetro de Anti-Massa, para análise. No entanto, ele cria uma catástrofe repentina chamado de "cascata de ressonância", abrindo um portal entre a Terra e uma dimensão chamada Xen. Ou seja, as criaturas passam a invadir o laboratório matando todo mundo. Além da ameaça alienígena, o governo autoriza que militares neutralizem todos os funcionários envolvidos, incluindo você. Como diferencial, o jogo apresenta a história em capítulos (ao invés de fases), uma excelente atmosfera de terror, quebra-cabeças inteligentes, uma boa variedade de inimigos, chefes, armas criativas e uma jogabilidade precisa. Não demorou para Half-Life virar um clássico, ganhando mais de 50 prêmios - a maioria de "Melhor Jogo do Ano" - e inaugurar uma franquia mundialmente aclamada. Aliás, a Valve só é o que é por conta desta franquia, que já vendeu mais de 20 milhões de cópias no mundo. 

De Half-Life a Episode Two 

Half-Life foi produzido usando uma modificação da engine de Quake, chamada GoldSrc (Goldsource). Com o SDK (Software Development Kit) disponível para desenvolvedores, logo surgiram vários mods famosos como Counter-Strike, Day of Defeat, Team Fortress Classic e  The Specialists, entre muitos outros. Aliás, o próprio modo Deathmatch do game original já impressionava na época. Com o sucesso, a franquia ganhou três expansões desenvolvidas em parceria com a Gearbox Software. A primeira expansão, chamada Half-Life: Opposing Force, conta os eventos do lado oposto, colocando o jogador na pele de um militar chamado Adrian Shephard. A segunda expansão, Half-Life: Blue Shift, conta os mesmos eventos mas sob a perspectiva do guarda de segurança Barney Calhoun. A terceira, Half-Life: Decay, foi lançada apenas para PlayStation 2 oferecendo um multiplayer cooperativo, onde dois jogadores encarnam as personagens Gina Cross e Colette Green. Independente da qualidade, recomendo Opposing Force por oferecer mais novidades e diversão que as outras expansões.


Em 2005, a Valve lançou Half-Life 2 (e a nova engine Source) e surpreendeu o mundo mais uma vez. Gráficos de ponta, física realista, efeitos visuais de encher os olhos, e uma história fenomenal. HL2 foi nomeado como "Melhor Game da Década" passada, vendeu mais de 12 milhões de cópias e rendeu uma continuação em três episódios. Infelizmente, apenas Episode One e Episode Two viram a luz do dia. Sem dúvida dois episódios maravilhosos, mas curtos demais para matar a saudade. E como era de se esperar, o tão aguardado Episode Three nunca saiu ou sequer foi mencionado pela Valve nos últimos cinco anos. A produtora disse que não iria produzir nada novo da franquia até Portal, Team Fortress 2 e Left 4 Dead ficarem prontos. Os três jogos saíram e a produtora preferiu dar atenção às continuações Left 4 Dead 2 e Portal 2. Hora de tocar Half-Life? Que nada... Atualmente, a Valve está trabalhando em Dota 2.

Revisitando um clássico

Muita gente, inclusive eu, não aguenta  mais esperar por Episode Three ou Half-Life 3. Mesmo com as novas franquias do gênero pipocando por aí, nada me anima tanto quanto a saga de Gordon Freeman. Quem jogou o game original e suas continuações sabe que a história cresceu tanto que não dá pra ficar sem uma conclusão. A franquia merece um desfecho de explodir a cabeça, com uma evolução técnica beirando o imaginável, assim como foi com HL2.

Pra acalmar a ansiedade dos fãs, um grupo de apaixonados pegou o SDK do Source e iniciou um projeto para refazer Half-Life. Oito anos se passaram e a modificação Black Mesa finalmente ficou pronta, sendo distribuída de graça pela Valve por meio do programa Steam Greenlight. Mais de 30 pessoas estavam envolvidas no projeto, refazendo tudo: cenários, modelo dos personagens e alienígenas, armas, diálogos, e animações. Uma vez usando o Source, a equipe tomou a liberdade de alterar algumas coisas para melhor, como os combates e quebra-cabeças. O jeitão de labirinto do game original também foi eliminado, com algumas mudanças estruturais nos mapas.



O visual do game é muito superior ao original, mas ainda assim datado para a atual geração. Isso porque este remake não-oficial, que a própria Valve deveria ter feito, demorou muito para sair. Ainda assim, é um belo exemplo de como se fazer um remake em alta definição. Dá para notar o capricho logo na abertura do game, que começa com uma trilha sonora original durante o passeio de trem pelas instalações subterrâneas da Black Mesa. Ao ser recepcionado, outra boa impressão: as ótimas dublagens dos guardas e cientistas. No game original, os diálogos são tão ruins que dá vergonha. O remake oferece 15 dos 20 capítulos do modo de campanha original, sendo que os últimos cinco capítulos não possuem previsão para ficar prontos. O modo multiplayer (Deathmatch) foi deixado de lado temporariamente, mas ainda pode sair. Já o modo cooperativo, original do projeto, foi abandonado devido às dificuldades com a programação. Mas não dá pra reclamar disso, né? Black Mesa é simplesmente imperdível. Quem jogou e terminou o game original, vai apreciar este remake com muita emoção. Aqueles que nunca jogaram, vão entender a importância deste game para o gênero. A modificação ainda presta várias homenagens à franquia através de pequenos detalhes que prefiro não dizer, pra não estragar a surpresa. Eu, finalmente, encontrei um pouco de paz na espera interminável por Half-Life 3.

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