"Hardline" é como uma série policial, com dramas pessoais, corrupção e claro, donuts |
"Battlefield" é uma franquia em constante evolução: criada em 2002 pela produtora sueca DICE, a série começou com partidas multiplayer em paisagens da 2ª Guerra Mundial, migrou para uma ambientação contemporânea anos antes disso virar moda, já flertou com a ficção científica e ganhou, nos últimos anos, um crescente foco na campanha solo.
Porém, só agora em 2015, "Battlefield" vai ganhar um jogo desenvolvido por outro estúdio, a norte-americana Visceral Games. Conhecida pela linha "Dead Space, a Visceral busca agregar elementos novos à fórmula viciante da série, deixando de lado a temática militar e levando o jogador para a batalha contra o crime.
"Battlefield: Hardline" coloca você em uma aventura policial, inspirada em seriados como "The Shield" e "True Detective". Você controla o detetive Nick Mendoza, cubano-americano que atua na violenta Miami, na Flórida. O policial precisa lidar com bandidos e também com seus ex-colegas, após eles se tornarem corruptos.
"Queremos fazer algo diferente", disse Steve Papoutsis, produtor executivo de "Hardline" em entrevista ao UOL Jogos. "Não é sobre 'guerra', não é sobre times militares. Você não tem um vilão querendo destruir o mundo. É mais pessoal, é sobre os conflitos dos personagens".
A inspiração em seriados policiais é notável no formato da campanha: "O jogo dura muitas horas e cada fase funciona como um episódio numa série de TV", explicou o produtor. "Você começa a jogar e assiste um compilado de cenas acompanhado de um 'anteriormente em...' e ao final da fase, pode ver algumas cenas do próximo capítulo".
O produtor disse que você pode pular as "cenas do próximo capítulo" para não estragar a surpresa ao jogar.
Além da estrutura narrativa, o fato de Nick ser um policial e não um soldado num país estrangeiro afeta as mecânicas de jogo. "Você pode prender inimigos quando quiser, algemando-os. Há ferramentas diferentes que você pode usar quando achar melhor e o game mesmo não é tão linear quanto outros shooters", disse Steve.
TRAILER MOSTRA CAMPANHA DE "BATTLEFIELD: HARDLINE"
Polícia e ladrão
Sem tanques de guerra nem caças, "Hardline" terá os tiroteios com escala mais reduzida na série "Battlefield" em muito tempo. Mas isso não significa menos ação: o jogo traz mapas para até 64 jogadores (nas versões PC, PS4 e Xbox One), novas modalidades e as tradicionais partidas de captura de território que são marca registrada da franquia.
É preciso suspender bastante a descrença para não questionar a ausência de civis em todos os mapas (a área foi evacuada, os habitantes fugiram... sempre existe um motivo divulgado no noticiário antes da partida começar) ou se perguntar se o dinheiro ou os carros roubados justificam o uso de armamento pesado e o rastro de destruição.
A impressão após jogar o teste beta de "Hardline" é que, passados esses questionamentos, o game se mostra muito divertido e é provavelmente o mais frenético "Battlefield" já feito. "Queremos fazer um jogo rápido, com personagens ágeis, perseguições entre 'muscle cars' e carros esportivos", disse Steve. "Nosso objetivo é dar outro ritmo para os jogadores".
"Hardline" traz algumas modalidades únicas que o diferenciam de outros "Battlefield". Uma delas envolve um assalto ao banco, onde o time dos bandidos precisa arrombar o cofre e levar as malas de dinheiro para pontos estratégicos do lado de fora. A polícia, claro, precisa invadir e impedir os ladrões.
Uma vez iniciado o combate, "Hardline" oferece a ação e a destruição que fazem a fama de "Battlefield". O mapa do banco traz vários níveis, prédios que podem ser explorados e utilizados, carros para se proteger ao avançar pela rua, paredes para se derrubar... as partidas são intensas e pequenos ajustes mantêm as coisas distantes o bastante de um "Battlefield" tradicional.
"Removemos os lança-foguetes e outras armas pesadas do arsenal do jogador", contou Steve. De fato, estas armas surgem em pontos específicos do mapa e é preciso lutar por elas contra o time adversário.
Outra modalidade que "Hardline" tem destacado envolve o roubo de carros e a perseguição de polícia e ladrão. Na prática, "Hotwire" não é tão legal assim. Os carros funcionam como pontos estratégicos móveis. A pilotagem é OK, mas o cenário limitado torna a brincadeira um tiro ao alvo contra carros que dão voltas no quarteirão.
O game conta com modos mais tradicionais e no beta se destaca o modo de "Conquista (grande)", com 64 jogadores e mapas enormes. É possível usar vários veículos diferentes, tanto para a polícia quanto para os bandidos - inclusive helicópteros. O objetivo é simples: dominar e defender posições estratégicas no mapa. Com a maior oferta de espaço, as diferentes classes se fazem notar e o uso de táticas de esquadrão se mostra muito mais eficiente do que correr sozinho em busca de alvos para abater.
Os jogadores podem escolher entre 4 classes em "Hardline": Operador (médico), Mecânico (engenheiro), Suporte e Especialista (sniper).
O operador usa fuzis automáticos e possui vários equipamentos de cura, tanto para si quanto para outros membros do time. O mecânico usa carabinas e pode arrumar carros quebrados, destruir ou sabotar outros veículos. A classe suporte é especializada em fogo de supressão e pode distribuir munição para os colegas. Por fim, o especialista é o sniper, o atirador de precisão da equipe.
O jogador ganha experiência separadamente em cada classe e vai desbloqueando novas armas e equipamentos para cada uma conforme progride no jogo. Em "Hardline", o nível máximo de evolução para cada classe é 150.
"Nos empolgamos muito com a ideia de fazer um jogo da série 'Battlefield'", explicou o produtor. "E isso significa fazer um jogo em que estratégia e trabalho em equipe são importantes". Também espere por muita destruição de cenários e os elementos chamados "Levolution", como prédios caindo e tempestades de areia.
Dublagem polêmica?
No Brasil, "Battlefield: Hardline" será totalmente localizado para o nosso idioma, com menus, legendas e dublagem em português. Para o papel do protagonista Nick Mendonza foi escalado o cantor Roger Moreira, da banda Ultraje a Rigor.
A escolha de Roger pela publisher WB Games dividiu opiniões, com alguns fãs criticando o cantor por não ser um profissional de dublagem. Vale observar, porém, que o uso de artistas em dublagem de animações (ou mesmo em jogos, nos EUA), é bastante comum.
“É um tipo de jogo que eu costumava jogar, de tiro em primeira pessoa, e foi divertido fazer, me imaginar naquelas situações”, disse Roger. Sobre as críticas na internet, o cantor disparou no Twitter: "Não ouviram e não gostaram. É a "ignorantsia" em ação.", disse Roger no Twitter. "Sabem quem gostou? A Warner e a EA".
Se o resultado será bom ou não, saberemos em 17 de março, quando "Battlefield: Hardline" chegar ao PC e aos consoles PlayStation 3, PlayStation 4, Xbox 360 e Xbox One.