24 de setembro de 2012

[Random] Slender e o “medo” nos games atuais


Uma floresta escura, uma lanterna e oito páginas pra coletar. Foi somente com esses elementos que o game indie Slender conseguiu chamar a atenção de muito jogadores e se popularizar rapidamente internet a fora.
Tudo por um motivo: Slender é um jogo que dá medo.
Vindo da mesma escola de outro jogo indie assustador, Amnesia, Slender é simples em seu conceito: não há combate, não há ação. O game limita o jogador a somente andar (e andar um pouquinho mais rápido) enquanto busca páginas que fazem menção à lenda urbana/internética Slender Man,  ao mesmo tempo em que sente que algo o está espionando no escuro, no melhor estilo do filme Bruxa de Blair…


O aparecimento de Slender chega em um momento difícil para os ditos jogos de terror. Um momento em que eles são bastante criticados por justamente se afastarem do clima de tensão e medo e se focarem mais na ação.
Sempre lembrada como um das maiores série de terror dos videogames, Resident Evil tenta recuperar os fãs com a famoso discurso de “volta às origens”. o próximo jogo, Resident Evil 6,  terá uma campanha que possui um clima mais sombrio e de mistério dos primeiros games da série.
Outro que vem sendo bastante criticado é Dead Space 3 e a adição de um modo co-op, o que tiraria muito do clima assustador. Laura Miele, chefe de marketing da produtora do jogo, justificou para um site de tecnologia a existência dessa opção para dois jogadores:
Isso mete medo em alguém?
“Nós  ouvindo o feedback de que os jogadores gostaram do jogo, mas ele era bem assustador, e o próximo passo óbvio era que queriam jogar com mais alguém. Então nós introduzimos o co-op”. No entanto, a moçoila também fala o seguinte: “Nós recebemos feedback para entendermos como nós podemos levar o game para ainda mais consumidores”. Ainda mai$ consumidores.AINDA MAI$ CON$UMIDORE$.
Pelo que foi dito, um jogo assustador não faria tanto sucesso e não chamaria mais gente para jogá-lo. Será que é mesmo?
 Slender parece ter se beneficiado desse cenário de descrença dos jogos de terror e conseguiu a atenção necessária. Ele cria não só um clima de medo ao jogar como também coloca esses outros títulos em cheque sobre como provocar esse sentimento no jogador.
Para o criador de Slender, Mark Hadley, o que realmente causa medo é o que você não pode ver e não conhece. “Toda vez que alguém está em uma situação em que não está familiarizado, o medo do desconhecido toma conta”, fala ele em uma entrevista para o site Penny Arcade Report.
Isso ilustra bem o que é a experiência em Slender. É a angústia e a apreensão de não saber o que vai encontrar na sua frente ou ao virar a lanterna para trás.
Hadley admite que uma das influências de Slender veio de Amnesia, principalmente no foco da descoberta, mas ele também cita Dead Space para exemplificar o que acha que não se deve fazer para causar medo.
“O jogo não te joga direto nos sustos, como Dead Space, ele meio que constrói isso aos poucos (…) Muitos jogos por aí se preocupam mais em te dar sustos. Assustar não é mesma coisa do que meter medo
Toda essa ideia de o medo estar no desconhecido valeu para montar a base do que é Slender. Porém,  o exito em sua execução pode estar na formação e na relação de Hadley com música, que – segundo ele – faz parte de sua vida a mais tempo do que videogames.
Apesar de Slender conseguir ser assustador mesmo em um ambiente não propício para isso, como jogar durante o dia, é fato que a experiência com ele só é totalmente completa ao jogá-lo com fones de ouvido, justamente porque o som (e falta dele) são elementos essenciais para o medo.
 O silêncio no início do jogo, somente com os sons dos seus passos. Então, começa um som de batida, profundo e ritmada BUM… BUM… BUM… e cada vez mais sons perturbadores são adicionados conforme se vai progredindo no game BUM… BUM… BUM….  Até chegar ao repentino som estridente que é tocado ao se avistar o Slender Man, o que causa mais susto do que a próprio figura do homem que não tem rosto.
Isso fazem parte de pelo menos 50% da angústia e apreensão do game.
No passado, jogos como os já citados Resident Evil, Silent Hill, Fatal Frame e outros já davam uma angústia, mas jogar Slender só me fez perceber que a sensação que sentia com esses jogos não passava de meros sustos. Com Slender, eu senti um medo mais apavorante, ao ponto de nunca conseguir completar as oito páginas.
E não estou sozinho nisso, na internet já  é possível encontrar vários vídeos de pessoas tentando jogar Slender e não conseguindo.
Slender, juntamente com Amnesia, conseguiram elevar os jogos assustadores a um novo patamar. Sem se importar com zumbis, monstros ou mecânica de combate e apenas focando naquilo que realmente é essencial para esses jogos, o medo.
O que dezenas, as vezes centenas, de pessoas não conseguiram realizar, um cara fez quase que brincando, experimentando em um jogo que nem acabado está. Slender atualmente se encontra em fase beta e pode ser  considerado uma demo. A cada nova versão, Hadley adiciona mais elementos e realiza melhorias na parte gráfica, mas a essência do medo sempre está lá.
Slender pode ser baixado gratuitamente no site oficial do game. Só não garanto que você queira jogá-lo mais de uma vez.

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